DISTÚRBIOS DO SONO

Os distúrbios do sono ocorrem em uma grande parte da população e podem ter consequências extremamente sérias. A má qualidade do sono pode levar à sonolência diurna que, por sua vez, pode aumentar os riscos de acidentes automobilísticos e de trabalho. A privação crônica de sono pode exacerbar outros problemas de saúde, como a hipertensão e transtornos psíquicos.

Nos dias de hoje nós dormimos em média cerca de uma hora a menos do que antigamente, muito embora nossa necessidade de sono seja a mesma que a de nossos antepassados. O sono normal tem cinco estágios.

  • Estágio 1 – é o da sonolência e caracteriza-se por uma redução da frequência das ondas elétricas cerebrais.
  • Estágios 2, 3 e 4 – nestes estágios a atividade elétrica cerebral é progressivamente mais lenta.
  • Estágio 5 – caracteriza-se por movimentos rápidos dos olhos (“rapid eye moviments” – R.E.M.) e atividade elétrica cerebral de alta frequência.

Todos estes estágios são importantes e necessários. Os distúrbios do sono ocorrem quando estes estágios não acontecem de forma normal. Tais distúrbios podem caracterizar-se pela falta de sono – insônias – ou pela sonolência excessiva – hipersonias. Além dos distúrbios de sono há algumas situações – as parassonias – que não são necessariamente patológicas, mas que podem ser desagradáveis, tais como o sonambulismo e os pesadelos.

INSÔNIAS

As insônias podem ser transitórias, mas podem ser bastante incômodas quando são crônicas. As insônias são chamadas de primárias quando não há nenhum problema clínico ou neurológico como causa, ou secundárias quando resultam de problemas bem definidos. Dentre estes problemas destacam-se as seguintes causas de insônia:

  1. Transtornos psiquiátricos: incluem-se aqui situações como a ansiedade ou depressão, uso ou retirada de drogas lícitas ou ilícitas ou consumo excessivo de álcool. Outra situação frequente é a insônia após retirada de um medicamento da família dos benzodiazepínicos, por conta de abstinência; ou ainda insônia por uso de medicamentos estimuladores do sistema nervoso, incluindo substâncias usadas no controle do apetite,
  2. Síndrome das pernas inquietas. Este transtorno ocorre com mais frequência após os 50 anos de idade e ocasiona os seguintes sintomas: desejo incontrolável de mexer as pernas na hora de adormecer, alívio deste sintoma quando as pernas são movimentadas, piora do desconforto no anoitecer e à noite e insônia. Geralmente há familiares com o mesmo quadro. Os sintomas podem ser aliviados ou mesmo desaparecer com o uso de medicamentos adequados,
  3. Síndrome da apneia/hipopneia do sono. Caracteriza-se pela interrupção ou diminuição da passagem do ar pelas vias aéreas superiores durante o sono. Na maioria das vezes está associada aos roncos. Trata-se de um problema bastante sério, pois pode agravar uma série de problemas clínicos, como a hipertensão arterial, aumentando o risco de doenças cardíacas e AVC. O tratamento mais apropriado é com a utilização de um aparelho de pressão positiva de vias aéreas (CPAP). Pacientes obesos podem melhorar desta síndrome perdendo peso.
  4. Distúrbios do Ritmo Circadiano: Incluem a síndrome do fuso horário, o trabalho noturno e o transtorno do ritmo circadiano do sono-vigília, nos quais o ritmo natural do corpo está desalinhado com o ciclo de luz e escuridão.

SONOLÊNCIA EXCESSIVA

Transtornos do sono podem levar a sonolência excessiva durante o dia. Isso é bastante importante pois pessoas sonolentas ficam mais desatentas e irritadiças. Os cochilos fora de hora podem predispor a acidentes. A sonolência excessiva pode ser causada por inúmeros fatores e doenças, destacando-se os seguintes:

  1. Sono não reparador, em pessoas que sofrem de algum tipo de insônia,
  2. Síndrome da apneia/hipopneia do sono,
  3. Narcolepsia. É uma doença cerebral relacionada a deficiência na produção de substâncias como a hipocretina e a orexina em uma área do cérebro denominada hipotálamo. O principal sintoma é a ocorrência de ataques incontroláveis de sonolência, levando o indivíduo a dormir em situações absolutamente inadequadas, como o trabalho, escola, ao volante, etc… Os ataques são tão intensos que não há como controlar, ocorrendo também uma perda do tônus muscular durante os mesmos. Trata-se de uma doença de fundo genético e que deve ser tratada com medicamentos apropriados,
  4. Necessidade de sono prolongado. Há pessoas que necessitam mais que oito horas de sono por dia, outras têm o relógio biológico disfuncional e não conseguem se adaptar à rotina de horários de sono da maioria das pessoas. Tais indivíduos pode então ter sonolência excessiva, mesmo dormindo uma quantidade de horas que seria suficiente para a maior parte dos indivíduos.

PARASSONIAS

Parassonias são alterações do sono que não chegam a caracterizar uma doença, não encurtam necessariamente a jornada de sono, mas que podem gerar preocupação, especialmente nos pais quando os sintomas ocorrem em crianças. Alguns exemplos de parassonias são:

  1. Sonambulismo, caracterizado por comportamentos complexos durante o sono, tais como sentar, abrir os olhos, levantar e caminhar, sem que estes comportamentos sejam lembrados após o despertar. É mais comum na infância, mas pode ocorrer também em adultos,
  2. Terror noturno. Ocorre geralmente em crianças e caracteriza-se pela ocorrência de episódios alarmantes nos quais a pessoa senta-se na cama e começa a gritar intensamente. Se despertada durante um episódio assim, a pessoa não se recorda do que ocorreu,
  3. Pesadelo é uma experiência pela qual praticamente todos os indivíduos já passaram, não tendo, em geral, maiores consequências. Quando ocorrem com muita frequência podem causar fobia ao sono, por medo de passar pelos pesadelos.

HIGIENE DO SONO

Os transtornos do sono necessitam de tratamento adequado. Nem sempre o tratamento requer um medicamento. Algumas formas de terapia, como a terapia cognitivo comportamental, podem ajudar a melhorar alguns tipos de insônias. Alguns conselhos podem evitar o aparecimento de transtornos do sono:

  1. Evitar dormir durante o dia,
  2. Fazer atividade física regular durante o dia,
  3. Não consumir cafeína após às 15 horas,
  4. Evitar ou abandonar o tabaco,
  5. Não ingerir bebida alcoólica próximo ao horário de dormir,
  6. Procurar deitar e levantar todos os dias nos mesmos horários,
  7. Evitar situações mentalmente estressantes nos momentos que antecedem o sono,
  8. Evitar assistir televisão no quarto,
  9. Procurar atividades relaxantes pouco antes de dormir, por exemplo com banho morno ou ouvindo música suave,
  10. Dormir em ambiente adequado, com conforto térmico, silencioso, escuro e em uma cama confortável,
  11. Não brigar com o sono. Caso não esteja conseguindo dormir, sair do quarto, ir para outro ambiente da casa, ouvir música suave e esperar que o sono chegue.

 

Caso os problemas com o sono persistam mesmo adotando estas medidas, é possível que o auxílio medicamentoso seja necessário. A automedicação deve sempre ser evitada

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