ESCLEROSE MÚLTIPLA

Esclerose múltipla

Índice

  1. O Que é a Esclerose Múltipla?
    • 1.1. Definição e Características
    • 1.2. Prevalência da EM
    • 1.3. Causas da Esclerose Múltipla
  2. Sintomas da Esclerose Múltipla
    • 2.1. Tipos de EM
    • 2.2. Sintomas Iniciais
    • 2.3. Sintomas Crônicos
  3. Diagnóstico da Esclerose Múltipla
    • 3.1. Métodos de Diagnóstico
    • 3.2. Exames Clínicos
  4. Tratamento da Esclerose Múltipla
    • 4.1. Abordagem Terapêutica
    • 4.2. Medicamentos
    • 4.3. Alívio dos Sintomas
    • 4.4. Apoio Psicológico

Neste artigo, abordaremos em detalhes o diagnóstico e o tratamento da Esclerose Múltipla (EM), uma doença neurológica crônica que afeta predominantemente adultos jovens, com os sintomas geralmente iniciando entre as idades de 20 a 40 anos.

O Que é a Esclerose Múltipla?

A Esclerose Múltipla (EM) é uma condição complexa em que o sistema imunológico ataca erroneamente a mielina, uma substância que reveste as fibras nervosas no sistema nervoso central. Ao longo do tempo, essa agressão à mielina pode causar danos irreversíveis às fibras nervosas, resultando em uma ampla variedade de sintomas neurológicos.

Prevalência da EM

A EM é a doença neurológica incapacitante mais comum em adultos jovens. Sua prevalência varia globalmente, com aproximadamente 18 casos para cada 100.000 pessoas no Brasil. Em algumas regiões, particularmente as mais afastadas da linha do Equador, essa taxa pode chegar a 200 casos para cada 100.000 pessoas.

Causas da Esclerose Múltipla

Embora a causa exata da EM permaneça desconhecida, acredita-se que uma interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e infecciosos desempenhe um papel importante em seu desenvolvimento. A suscetibilidade à EM pode ser herdada, com vários genes e variações genéticas contribuindo para a vulnerabilidade à doença. Além disso, infecções virais, como o vírus Epstein-Barr (EBV), têm sido associadas à EM, embora os mecanismos subjacentes a essa conexão ainda não estejam completamente compreendidos.

Impacto de Fatores Ambientais

Pesquisas também indicam que fatores ambientais, como exposição solar e níveis de vitamina D, desempenham um papel significativo na EM. A exposição à luz solar intensa ajuda a produzir vitamina D na pele, e estudos sugerem que níveis mais elevados dessa vitamina podem reduzir o risco da doença. Isso explica, em parte, por que regiões próximas ao equador, com maior exposição solar, têm taxas mais baixas de EM em comparação com áreas temperadas, como os EUA e o Canadá.

Além disso, o hábito de fumar foi associado a um maior risco de desenvolvimento da EM e a uma progressão mais agressiva da doença. Fumantes tendem a apresentar mais lesões cerebrais e encolhimento do cérebro em comparação com não fumantes.

Sintomas da EMOs sintomas da EM dependem da gravidade da reação inflamatória, bem como da localização e extensão das lesões.

O curso natural da EM é diferente para cada pessoa, o que torna difícil prever o curso e a evolução. Existem quatro tipos principais de EM, nomeados de acordo com a progressão dos sintomas ao longo do tempo:

EM remitente-recorrente — Os sintomas desse tipo vêm na forma de ataques. Entre os ataques, as pessoas se recuperam ou retornam ao seu nível normal de incapacidade. Quando os sintomas ocorrem nesta forma de EM, é chamado de surto. Os períodos de inatividade da doença entre os ataques de EM são referidos como remissão. Essa é a forma mais comum da doença e maioria das pessoas com EM tem esta forma da doença nos primeiros anos de evolução.

EM progressiva secundária—Pessoas com esta forma de EM geralmente tiveram um histórico anterior de ataques de EM, mas começam a desenvolver sintomas graduais e constantes e deterioração em sua função ao longo do tempo. A maioria dos indivíduos com EM recorrente-remitente grave pode desenvolver EM progressiva secundária, principalmente se não for tratada ou tratada tardiamente.

EM progressiva primária—Este tipo de EM é menos comum e é caracterizado por sintomas que pioram progressivamente desde o início, sem recidivas perceptíveis ou exacerbações da doença, embora possa haver alívio temporário ou menor dos sintomas.

EM recidivante progressiva—A forma mais rara de EM é caracterizada por uma piora constante dos sintomas desde o início com recaídas agudas que podem ocorrer ao longo do tempo durante o curso da doença.

Os primeiros sintomas da EM geralmente incluem:

  • Problemas de visão, como visão turva ou dupla, ou neurite óptica, que causa dor com o movimento dos olhos e perda rápida da visão
  • Fraqueza muscular, frequentemente nas mãos e pernas, e rigidez muscular acompanhada de espasmos musculares dolorosos
  • Formigamento, dormência ou dor nos braços, pernas, tronco ou rosto
  • Déficit de equilíbrio
  • Dificuldades de coordenação motora
  • Problemas de controle da bexiga

 

A EM também pode causar outros sintomas que não fazem parte dos surtos, mas podem acompanhar o quadro ao longo da sua evolução:

  • Fadiga mental ou física,
  • Alterações de humor, como depressão,
  • Disfunção cognitiva – problemas de concentração, velocidade de raciocínio e dificuldades de memória
  • Dor em diferentes partes da face e nos membros.

Sintomas Crônicos e Complicações

Além dos sintomas durante os surtos, a EM pode causar fadiga, alterações de humor (como depressão), disfunção cognitiva, dor em várias partes do corpo e disfunção sexual. O comprometimento cognitivo é uma preocupação significativa, afetando até 75% das pessoas com EM.

Diagnóstico da EM

O diagnóstico da EM é complexo e não se baseia em um único teste. É confirmado quando os sintomas e sinais se desenvolvem em momentos diferentes e refletem o acometimento de diferentes partes do sistema nervoso. Além disso, é crucial excluir outras doenças que possam se assemelhar à EM.

Métodos de Diagnóstico

  • Exames de ressonância magnética do cérebro e da medula espinhal para procurar as lesões características da EM. Um contraste é injetado em uma veia para melhor identificar as imagens cerebrais das lesões ativas da EM,
  • Punção lombar para obter uma amostra de líquor (líquido ao redor do cérebro e medila) e examiná-lo em busca de alterações inflamatórias características,
  • Outros exames como os testes de potencial evocado, tomografia de coerência óptica e exames laboratoriais podem ser solicitados para confirmar as lesões e excluir outras doenças que se assemelhem à EM.

Como a esclerose múltipla é tratada?

Tratamento da EM

Não há cura para a EM, mas existem tratamentos que podem reduzir o número e a gravidade dos surtos e retardar a progressão da doença a longo prazo.

Nos surtos são prescritos corticosteróides, como metilprednisolona intravenosa, que suprimem rápida e potentemente o sistema imunológico e reduzem a inflamação. Pesquisas mostraram que esse tratamento, chamado de pulsoterapia, acelera a recuperação de ataques de EM. Em caso de surtos mais graves e que não melhoram com pulsoterapia, a troca de plasma (plasmaférese) é uma alternativa. A troca de plasma envolve a retirada de sangue do corpo e a remoção de componentes do plasma do sangue que são considerados prejudiciais. O restante do sangue, mais o plasma de reposição, é então transfundido de volta ao corpo.

Medicamentos para Surto Agudo

Em casos de surtos agudos, são prescritos corticosteroides, como a metilprednisolona intravenosa, que reduzem a inflamação e aceleram a recuperação.

Terapias Modificadoras da Doença (TMDs)

Há inúmeras terapias atuais aprovadas para a EM que são projetadas para modular ou reduzir as reações inflamatórias da doença. Eles são mais eficazes para EM remitente-recorrente nos estágios iniciais da doença.

Elas podem ser divididas em medicamentos injetáveis por via subcutânea, terapias infusionais ou drogas orais.

Os medicamentos injetáveis por via subcutânea são:

  • Betainterferonas – foram os primeiros tratamentos específicos para a EM. Os possíveis efeitos colaterais desses medicamentos incluem sintomas semelhantes aos da gripe (que geralmente desaparecem com a terapia continuada), depressão ou elevação das enzimas hepáticas. A eficácia é inferior à dos tratamentos maius modernos.
  • Acetato de glatiramer – altera o equilíbrio das células imunológicas do corpo, mas não está totalmente claro como ele funciona. Os efeitos colaterais são geralmente leves e consistem em reações ou inchaço no local da injeção.
  • Ofatumumabe – é o primeiro medicamento injetável por via subcutânea de alta eficácia no tratamento da EM. É um imunobiológico da categoria dos anticorpos monoclonais que atua contra um tipo específico de célula da imunidade, chamada de linfócito B que têm papel relevante na EM. Os efeitos colaterais são reações relacionadas à injeção, a maioria deles foi leve a moderada, desaparecendo após horas ou dias. Outros efeitos colaterais ocorrem em menos de 10% das pessoas, e incluem resfriados, dores de cabeça, infecções respiratórias e infecções do trato urinário.

 

Os tratamentos infusionais incluem:

  • Natalizumab – é administrado por via intravenosa uma vez por mês. Atua impedindo que as células do sistema imunológico entrem no cérebro e na medula espinhal. É muito eficaz, mas está associado a um risco aumentado de uma infecção viral grave e potencialmente fatal do cérebro chamada leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP). Para as pessoas que não têm esse vírus é uma medicação bastante segura,
  • Ocrelizumabe – é administrado por via intravenosa a cada seis meses e trata adultos com formas recidivantes ou primárias progressivas de EM. É a única terapia modificadora da doença aprovada para EM progressiva primária. A droga também tem como alvo linfócitos B. Os efeitos colaterais incluem reações relacionadas à infusão e aumento do risco de infecções. Ocrelizumabe também pode aumentar minimamente o risco de câncer.
  • Alemtuzumabe – é administrado por cinco dias consecutivos, seguidos por três dias de infusões um ano depois. Tem como alvo as proteínas na superfície das células imunes. Como esse medicamento aumenta o risco de infecções distúrbios autoimunes, é recomendado para aqueles que tiveram respostas inadequadas a outras terapias para EM.

 

Os tratamentos orais incluem:

Fingolimod – é um medicamento de uso único diário. É também aprovado para tratar a EM em adolescentes e crianças com 10 anos ou mais. A droga impede que os glóbulos brancos chamados linfócitos deixem os gânglios linfáticos e entrem no sangue, cérebro e medula espinhal. Fingolimod pode resultar em diminuição da frequência cardíaca e problemas oculares quando tomado pela primeira vez. Fingolimod também pode aumentar o risco de infecções, como infecções por vírus do herpes ou, em casos raros, estar associado à PML.

Fumarato de dimetila é um medicamento duas vezes ao dia usado para tratar formas recorrentes de EM. Seu mecanismo de ação exato não é conhecido atualmente. Os efeitos colaterais do fumarato de dimetila são rubor, diarréia, náusea e diminuição da contagem de glóbulos brancos.

Teriflunomida – é um medicamento de uso único diário que reduz a taxa de proliferação de células imunológicas ativadas. Os efeitos colaterais da teriflunomida podem incluir náusea, diarréia, danos ao fígado e perda de cabelo.

Cladribina – é administrada em dois cursos de comprimidos com cerca de um ano de intervalo. A cladribina tem como alvo certos tipos de glóbulos brancos que conduzem ataques imunológicos na EM. A droga pode aumentar minimamente o risco de desenvolver câncer e deve ser considerada para indivíduos que não responderam bem a outros tratamentos para EM. É a medicação oral mais eficaz de que dispomos.

Tratamento dos Sintomas

A EM causa uma variedade de sintomas que podem interferir nas atividades diárias, mas geralmente podem ser tratados ou controlados. Muitos desses problemas são melhor tratados por neurologistas com treinamento avançado no tratamento da EM e que podem prescrever medicamentos específicos para tratar esses problemas.

 

  • Fraqueza muscular e espasticidade são comuns na EM. A espasticidade leve pode ser controlada pelo alongamento e exercício dos músculos usando fisioterapia, hidroterapia ou ioga. Alguns medicamentos podem reduzir a espasticidade. É muito importante que as pessoas com EM permaneçam fisicamente ativas porque a inatividade física pode contribuir para o agravamento da rigidez, fraqueza, dor, fadiga e outros sintomas.
  • Problemas de locomoção e equilíbrio ocorrem em muitas pessoas com EM. O problema de locomoção mais comum é a ataxia – movimentos instáveis ​​e descoordenados – devido a danos nas áreas do cérebro que coordenam o equilíbrio muscular. Pessoas com ataxia grave geralmente se beneficiam do uso de bengala, andador ou outro dispositivo auxiliar. A fisioterapia também pode reduzir os problemas de locomoção.
  • A fadiga é um sintoma muito comum da EM e pode ser física (cansaço nos braços ou pernas) e cognitiva (lentidão na velocidade de processamento ou exaustão mental). Programas diários de atividade física de intensidade leve a moderada podem reduzir significativamente a fadiga, embora as pessoas devam evitar atividade física excessiva e minimizar a exposição a condições climáticas quentes ou temperatura ambiente. Outros medicamentos que podem reduzir a fadiga incluem amantadina, metilfenidato e modafinil. A terapia ocupacional pode ajudar as pessoas a aprender a andar usando um dispositivo auxiliar ou de uma forma que economize energia física.
  • A dor da EM pode ser sentida em diferentes partes do corpo. Os tratamentos para dores crônicas podem incluir medicamentos, exercícios, fisioterapia, calor, massagem, ultrassom e fisioterapia.
  • Problemas com o controle da bexiga e constipação podem incluir aumento da frequência urinária, urgência ou perda do controle da bexiga. Um pequeno número de indivíduos retém grandes quantidades de urina. Tratamentos médicos estão disponíveis para problemas relacionados à bexiga. A constipação também é comum e pode ser tratada com uma dieta rica em fibras, laxantes e laxantes.
  • A disfunção sexual pode resultar de danos aos nervos que atravessam a medula espinhal. Os problemas sexuais também podem resultar de sintomas de EM, como fadiga, cãibras ou músculos espásticos e fatores psicológicos. Alguns desses problemas podem ser corrigidos com medicamentos. Aconselhamento psicológico pode ser útil.

Apoio Psicológico e Terapia Cognitivo-Comportamental

  • A depressão é frequente entre pessoas com EM. A EM pode causar depressão como parte do processo da doença e desequilíbrio químico no cérebro. A depressão pode intensificar os sintomas de fadiga, dor e disfunção sexual. É mais frequentemente tratada com terapia cognitivo-comportamental e medicamentos antidepressivos.
  • O comprometimento cognitivo – um declínio na capacidade de pensar com rapidez e clareza e de lembrar com facilidade – afeta até 75% das pessoas com EM. Essas alterações cognitivas podem aparecer ao mesmo tempo que os sintomas físicos ou podem se desenvolver gradualmente ao longo do tempo. Medicamentos e reabilitação cognitiva podem ser úteis em alguns casos.

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